quarta-feira, 23 de junho de 2010

Faz-me voltar a sonhar

(...)
Eu queria ser astronauta .. o meu país não deixou !
Depois quis ir jogar à bola .. a minha mãe não deixou!
Tive vontade de voltar à escola .. .mas o doutor não
deixou !
Fechei os olhos e tentei dormir .. .
aquela dor não
deixou !

Refrão :
Oh meu anjo da guarda faz-me voltar a sonhar ..
Faz-me ser astronauta e voar !
(...)
TIM

Não sei porquê, mas algo na letra da música do Tim (Xutos e Pontapés) me faz lembrar as críticas que fazem à iniciativa NOVAS OPORTUNIDADES. Porque será?!!!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

As Novas Oportunidades como forma de lidar com o desafio do (de)emprego

“Diz-me e eu esquecerei. Ensina-me e eu lembrar-me-ei. Envolve-me e eu aprenderei.” Provérbio Chinês

Num País caracterizado por décadas de elevados níveis de iliteracia/ analfabetismo e que nos últimos quarenta anos tenta recuperar o tempo perdido através de um modelo de ensino aprendizagem dominado pelo método expositivo, é complicado fazer compreender e aceitar pela população a filosofia do balanço de competências (metodologia do processo usado na iniciativa Novas Oportunidades).
Nos anos 90, iniciou-se em Portugal o ensino profissional, à data encarado como o refúgio dos incapazes. Caracterizado por uma forte componente tecnológica e pela utilização de metodologias mais práticas, só tardiamente começou a ser aceite em Portugal, com grande atraso relativamente aos outros países europeus. Resultados?? Talvez os demonstrados pelos diversos estudos PISA em que Portugal detém um nível de iliteracia a Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, batido apenas por alguns dos ditos “países em vias de desenvolvimento”.
O ritmo de mudança social exige competências cada vez mais vastas e em constante adaptação, como forma de resposta às necessidades de um mercado em mutação. Tendo em conta a contextualização histórica, o balanço de competências surge como resposta à necessidade sentida por alguns países de reconhecer os saberes adquiridos, encurtando os percursos de formação subsequentes e respondendo assim aos maiores níveis de qualificação exigidos por novos empregos, novos desafios.
Num País com baixos níveis de escolarização, elevado número de desempregados, integrado numa União Europeia em que é quase sempre o “último do pelotão” a iniciativa Novas Oportunidades surge como a resposta adequada. Refira-se que no balanço feito pelos 27 países sobre o tema “Recovering from de crisis”, Portugal apresenta este projecto como solução aos novos desafios de (des) emprego.
“O balanço de competências constitui a oportunidade para o indivíduo (empregado/desempregado) fazer a auto-avaliação do seu percurso profissional, pessoal e social. Tomando como ponto de partida a situação profissional actual, o indivíduo terá oportunidade de reflectir sobre o projecto percorrido bem como delinear projectos futuros…” (Imaginário, 1997). “Descobri coisas que não sabia que sabia” (adulta certificada em NB, Lactogal, 2009).
A iniciativa do Governo ora aprovada, de que resulta um conjunto de medidas que visa promover o emprego que incluem o pagamento de bolsas a estagiários e a isenção ou redução de contribuições à segurança social para os empregadores que contratem desempregados, apoia este pensamento.
"A iniciativa Emprego 2010 aposta na integração no mercado de trabalho de jovens e desempregados não subsidiados, através de medidas de apoio às entidades que fechem contratos de trabalho com estagiários que nelas concluíram estágios profissionais", pode ler-se na nota governamental.
Numa primeira fase, criar-se-á um programa de estágios para desempregados não subsidiados, com mais de 35 anos e que tenham concluído o ensino básico ou secundário através das Novas Oportunidades ou que se tenham licenciado.

O programa irá apoiar as empresas ou entidades onde são efectuados os estágios sustentando 75 por cento da bolsa de formação (nos casos de entidades sem fins lucrativos), ou de 60 por cento (nos casos de entidades com fins lucrativos).
Maria Olímpia Paixão
Coordenadora do Centro Novas Oportunidades ACIFF